Quem sou eu

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Fortaleza, Ceará, Brazil
Nascida em Campinas SP e criada em Fortaleza CE. Amo viajar, meu principal hobby. Conhecer lugares e cultura é a melhor forma de crescermos espiritualmente. Sou casada com uma pessoa maravilhosa chamada Luiz Rodrigues, que curte comigo todas as viagens. Um trecho de livro que resume meu pensamento sobre vida e viagem: “Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver". ("Mar sem fim"- Amyr Klink) AVISO: As postagens estão em ordem inversa, ou seja, do fim da viagem para o começo. Desta forma, observem a data informada e leiam do fim para o começo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

11º Dia (28/07 - terça) Rio Branco (AC) - Puerto Maldonado (Peru)

Hora de partirmos do Rio Branco. O hotel foi maravilhoso e esses dias foram fundamentais para descansarmos antes de prosseguir.

Pinheiro Palace Hotel.

Hoje é um dia especial, completamos 20 anos de casados e 25 que nos conhecemos. Além disso, é dia de atravessar a fronteira e entrar no Peru. Se tivéssemos planejado para que esse duas datas coincidissem não teria dado tão certo. Nada foi perfeitamente calculado, mas tudo ocorreu de forma perfeita para que assim fosse. Nossa comemoração ocorreria da forma que adoramos, VIAJANDO.

Realizados os procedimentos básicos, partimos do Rio Branco às 8h52min. Após 40min de viagem, estávamos passando pela cidade de Senador Guiomard e, sem querer, avistamos uma banca de revista na praça com nome Banca do Ceará, olhamos um para o outro e comentamos,  olha o nome daquela banca! Rimos bastante a coincidência. Como procedimento de praxe que realizo em quase todos as cidades que passamos, perguntei ao Luiz qual quilometragem o carro marcava e, acreditem ou não, o odômetro marcava 20.020km. Kkkkk gargalhadas mil. Não tivemos dúvidas, aquele seria o local para registrarmos nossa data comemorativa.

 Nossos registros à nossa data comemorativa. Nosso amor é palpitante, comemoramos nossa data da forma que mais amamos, Viajando.
Vejam o odômetro marcando 20.020km,  show!!!!

Igreja de São Francisco no centro de Senador Guiomard. Pingo agradeceu seu santo protetor a viagem maravilhosa. 
As ruas de Senador Guiomard. 
Paisagem da estrada.

Adoro quando Pingo encosta a cabecinha dele no meu braço e dorme, não é um lindo?
Logo, logo estaremos cruzando a fronteira.
Também estamos próximos da fronteira com a Bolívia.

Prosseguimos a viagem passando pelas cidades de Capixaba, Epitaciolândia e Brasiléia, onde paramos às 12h23min para almoçar na churrascaria Tropeiro, depois de rodar por 219km. Parar naquele momento era ideal, não seria conveniente chegar na fronteira no horário do almoço, pois poderia estar fechada a alfândega. Além disso, queríamos falar com o Zum, o servidor do Ministério da Agricultura que eu tinha conversado por telefone antes de viajar, para obter informações sobre a passagem do Pingo na fronteira.  A parada para o almoço foi rápida, às 13h já estávamos pegando a estrada em direção a Assis Brasil, última cidade brasileira que ficava a 109 km dali.

Local onde almoçamos.
A estrada do Pacífico, há tempos eu desejava percorrer, eis meu sonho se realizando.

Chegamos em Assis Brasil às 14h25min. Nesse local tem um posto de gasolina e, logo depois, a alfândega Brasileira. Abastecemos o carro, pois ainda estávamos apreensivos com o este procedimento no Peru, já que o senhor que encontramos no hotel em Rio Branco afirmou que o carro dele havia dado problema devido à má qualidade do diesel vendido no Peru. Fizemos nossos registros fotográficos e seguimos.

Último posto do solo brasileiro.
Olha lá a alfândega Brasileira. ...

Assim que estacionamos o carro vi uma brasileira que vinha de lá e perguntei: "Na alfândega tem muita gente?" Ao que ela respondeu: "Tem umas dez pessoas na minha frente, vim aqui no carro avisar as crianças que vai demorar um pouco." Então, eu desci logo para ir pegar a fila, enquanto o Luiz estacionava o carro.

De fato, havia uma fila de umas 20 pessoas e eu fiquei atrás de um grupo de peruanos. Estava eu bem tranquilamente na fila, quando retorna a mulher que eu havia falado. Ela olha para mim e diz: "Ei, seu lugar é aqui conosco." Eu, lesada, sem entender direito e pensando que havia uma fila para brasileiros e outra para outras nacionalidades, sai do meu local em direção à ela perguntando: "Ah, são duas filas, então?". Ela quase me fuzila com os olhos, foi quando eu entendi que ela estava me chamando para cortar a fila. Detalhe, eu sou totalmente contra cortar qualquer tipo de fila seja lá em que situação for. Aí, parei no meio do caminho, por frações de segundo, pensando volto ao meu lugar e sigo minha teoria de jamais cortar fila e corro o risco de deixar ela ser trucidada pelos demais integrantes da fila ou atendo ao chamado dela e faço de conta que estou no grupo, evitando causar maiores problemas?

Sem que eu tivesse tempo para qualquer atitude, ela vem ao meu encontro, me arrasta pelo braço, dizendo: "Vem mulher, que teu lugar é aqui." E, ainda, tirou uma pessoa do grupo dela que estava sentada e disse senta aí. Acreditam que eu sentei, de tão sem graça que eu fiquei ...

Para completar a situação embaraçosa, o Luiz chegou dizendo, nossa a fila já andou tudo isso, não eram 15 pessoas que havia na sua fente e você já está aí? Respondi com um olhar fuzilador: "É, fica aqui e depois conversamos." Logicamente que em poucos minutos entramos, pois só havia 4 pessoas na nossa frente nesse momento.

A alfandega brasileira é bem organizada. É uma sala com ar condicionado, há uma pessoa controlando a entrada (entram 4 pessos por vez) e dois servidores da polícia federal realizando o procedimento. Existem duas formas de ingressar, uma é com o passaporte, que é bem rápido, outra, com a identidade com data de emissão inferior a 5 anos, nesse caso é necessário preencher um formulário e o procedimento é mais demorado. Como estávamos com o passaporte, rapidamente fomos liberados. Detalhe, do lado de fora da sala não há ninguém para dar informação, só uma mesa com uma pilha de formulários. Nós acabamos preenchendo, desnecessariamente o formulário. Apesar de haver um aviso informando que os brasileiros com passaporte não precisam preencher, não vimos o aviso, pois está pregado na parede, distante da mesa que tem o formulário.

Depois fomos ao posto de fiscalização agropecuária (VIAGRO), onde trabalha o Sr. Zum (apelido dele, não sei o nome, foi assim que ele se identificou quando entrei em contato com ele por telefone e disse que era conhecido dessa forma). Ele foi muito simpático e ficou feliz quando cheguei e me identifiquei. Olhou a documentação do Pingo, colocou um carimbo e disse que estava perfeito. Depois, nos serviu bolachas peruanas com gengimilk  (denominação dada a uma bebida feita por ele de leite e gengibre e servida quente, como se fosse um chá). Tudo delicioso. Conversamos sobe a viagem pela transamazônica, ele nos deu algumas dicas sobe o caminho até Cusco que ele já conhecia e nos despedimos.

Olha aí o Zum, muito simpático e prestativo ele. Além dele havia outra servidora que estava a uma semana trabalhando no posto.

Seguimos, atravessamos a fronteira, logo depois já é a cidade de Iñapari (Peru), onde tem uma pracinha que todo turista para para tirar fotos ao lado do monumento com nome Peru e assim nós fizemos. Mas, eu ainda estava apreensiva, pois queria mesmo era ir na alfândega peruana para passar o Pingo e o carro e ver se tudo ia dar certo.

E lá vamos nós passar pela ponte da integração, coração batendo forte de emoção....

Uhuuuu! Peru aí vamos nós.....

 Maravilha, Peru, aqui estamos nós...

Nossa foto padrão.

Terminada a sessão fotográfica, seguimos para a alfândega, a temperatura estava em torno de 35 graus. No local havia uma fila de aproximadamente 15 pessoas. A estrutura é bem mais precária que a brasileira. A sala não tem ar condicionado e só há uma pessoa atendendo. Não há ninguém para prestar informações, nem avisos afixados nas paredes e ninguém controla a entrada, ficando a sala cheia de pessoas. Ficamos na fila e não nos preocupamos em preencher formulário, já que na alfândega brasileira preenchemos e não foi necessário. Contudo, quando chegou nossa vez, a funcionária pediu para preenchermos o tal do formulário.  Enfim... Realizado esse procedimento, ela apenas perguntou quantos dias iríamos permanecer no país, alimentou o sistema com nossas informações, devolveu metade do formulário, que é o documento necessário para o procedimento de saída do país, carimbou o passaporte e nos liberou.

Em seguida fomos no SENASA (correspondente ao departamento agropecuário brasileiro). O funcionário que estava lá olhou a documentação e disse que estava faltando a cópia da carteira de vacinação e que teríamos que pagar uma taxa de 98,20 soles. O Luiz quase cai para trás com essa taxa, pois não pagamos taxa nem para nossa entrada, nem para a entrada do carro.

Detalhe, tiramos xérox, em Rio Branco, de todos documentos que tínhamos lido em um blog, como necessários para atravessar a fronteira com o carro. Já as informações para passar com o Pingo nossa fonte foi exclusivamente o site brasileiro do Ministério da Agricultura que nada informa sobre a necessidade de cópia da carteira de vacinação.

Fomos então fazer o câmbio de cruzeiros para soles (moeda peruana) na Tuka, que é o nome de um comércio que vende lanche, mercadorias e, também, faz câmbio e que o Zum havia nos indicado como confiável. Na ocasião a moeda peruana estava valendo mais que a brasileira, câmbio R$1,00=$soles 0,98. Trocamos R$ 400,00 e recebemos 392,00 soles. Lá também tiramos copia da carteira de vacinação do Pingo.

Voltei ao SENASA, para liberação do Pingo, e o Luiz foi para o SUNAT (polícia federal peruana) para liberação do carro. A liberação do carro foi tranquila, com a cópia da documentação em mãos, o policial federal pediu que o Luiz abrisse o porta mala do carro, deu uma olhada superficial na bagagem, disse que estava Ok e colou um adesivo no para brisa do carro. Depois deu o papel para pagar o seguro obrigatório do carro e disse que poderia ser pago em qualquer posto de gasolina, agência ou banco.

Enquanto isso, eu lá na SENASA pelejava com o funcionário, que era mais enrolado que bombril. Entreguei a documentação, o dinheiro para pagar a taxa e perguntei se o valor da taxa variava em função do tempo de permanência. Ele informou que não e que o documento emitido permitia a permanência do Pingo no Peru por 90 dias. No preenchimento do formulário errei uma informação e pedi outro, já que não podia haver rasura. Só que ele não tinha, saiu para providenciar e demorou uma vida para voltar. Nesse meio tempo, o outro funcionário que estava sem fazer nada, puxou conversa comigo, perguntando de onde éramos. Quando disse, ele perguntou em que parte do Brasil ficava, respondi que era no nordeste e, querendo ser gentil, resolvi mostrar no tablet o mapa. Detalhe, quando sai do hotel, em Rio Branco, deixei traçada a rota até o hotel que iríamos ficar em Puerto Maldonado, pois é necessário conexão com a Internet para realizar o procedimento de traçar rota até um local e eu sabia que poderia ficar sem conexão assim que atravessasse a fronteira e não queria correr o risco de ficar sem rumo. Foi então que ele foi fazer a pergunta mostrando no mapa e, acreditem, tendo a tela inteira para ele tocar, ele tocou exatamente no X que apaga a rota traçada.  Eu quis pular no pescoço dele e estrangular de raiva. Mas tive que me controlar e continuar a conversa como se nada tivesse acontecido. Depois perguntei se havia wifi lá e ele respondeu que não tinham  nenhum sinal de internet no setor. Fui em outros dois comércios que o tablet tinha identificado wifi protegido e nenhum dos estabelecimentos me forneceu a senha, ambos disseram que a conexão com internet estava com problemas.

Enfim, o rapaz voltou com os formulários, eu preenchi e entreguei a ele. A partir desse, ele foi preencher outro formulário e demorou um século, mas finalmente ele liberou a passagem do Pingo, o qual estava confortavelmente deitado no carro que tinha ficado estacionado, com o  motor e ar condicionado ligados. Nós ficamos no calor de 34 graus resolvendo os trâmites burocráticos.

Uhuuuum!  Pingo com a permissão dele para entrar no Peru.

No total gastamos uma hora e meia com todo o procedimento.

Continuamos nossa viagem, faltavam ainda 220km para percorrermos até Puerto Maldonado e a previsão era chegar a noite. Então, logo que saímos de Iñapari verifiquei se existia alguma conexão de internet funcionando, pois na fronteira não há local de venda de chip peruano. Eu sabia que a Vivo não funcionaria, pois eu havia entrado em contato com a operadora e o valor cobrado para conexão internacional seria muito alto. Minha esperança era a Tim, que o Luiz tinha liberado com a operadora, ou a Claro, que a operadora disse que funcionaria no Peru sem custos adicionais no plano que eu já possuía. Será possível transcrever em palavras a alegria que tive quando verifiquei que meu chip da Claro estava emitindo sinal de internet em plena rodovia peruana? Se, sim, então, lá vai, uhhhuuuuuuu!  Vivaaaaaaaaa! O Luiz assustado perguntou: "O que foi que aconteceu? " e eu: "Estou com sinal da Internet no celular da Claroooo, eu sabia que esse chip um dia ia ser muito importante e útil para mim."

E assim fomos... Chegamos em Puerto Maldonado as 20h30min. A cidade toda estava coberta com uma nuvem de poeira, lembrei que quando estivemos no Peru em 2008, observamos que várias cidades peruanas, inclusive Lima, tem essa característica. Com a rota traçada até o hotel que eu já havia identificado antes da viagem como Petfriends (Chimicuas House), fomos direto para lá. O local, na primeira impressão, parecia bem precário. Ruas em areia, afastado, cheio de toc toc (transporte que é uma mota fechada, muito usado no Peru) andando pelas ruas e escuro. Contudo, ao entrar no hotel e, principalmente, no apartamento fiquei muito satisfeita, tudo extremamente organizado, limpo, toalhas muito brancas e de boa qualidade, quarto amplo e a proprietária muito simpática.  Falamos com ela e fomos comer algo na Plaza de Armas antes de nos recolhermos.

O hotel fica um pouco afastado da Plaza de Armas (região central em todas as cidades peruanas e que concentra restaurantes e demais comércios), por isso tivemos que ir de carro. Deixamos Pingo dentro do carro e fomos a uma pizzaria de forno a lenha e comemos uma deliciosa pizza. No caminho aproveitamos para olhar os outros hotéis na cidade e não vimos nada que fosse mais agradável que o Chimicuas House.

Retornamos, a Sra. Rose estava nos esperando para ajudar com a bagagem. Tomamos um delicioso banho e fomos dormir. Detalhe, ela ficou encantada com o Pingo. Na parte externa do hotel havia quatro cachorros deles, dos quais uma era cadela. lógico que os machos estava querendo comer o Pingo, afinal, o território era deles e o Pingo estava 'invadindo' o território alheio.

DISTÂNCIA PERCORRIDA NO DIA 549 km em asfalto, sendo 223km em solo peruano.

2 comentários:

Unknown disse...

Legal 20020km. Nada é por acaso. Que venham os 50050. Parabéns

IRFEDEL disse...

De fato, nada é por acaso. Eita! 50050, rsrsrrs.

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